Dia: 27/10/2020
Hora: 20:30
Local: YouTube
Antes fora do radar do circuito comercial, a música indígena contemporânea vem conquistando novos espaços na cena independente nacional e internacional. No painel artistas indígenas irão contar através de suas carreiras sobre como combatem estereótipos e usam a arte para trazer mais atenção para suas causas. Nos últimos anos esses artistas, em sua maioria jovens que reafirmam sua identidade através de sua arte, começaram a chamar a atenção pela criatividade de suas produções, que se apropriam de gêneros como rap, rock, pop, MPB, forró, música eletrônica, metal, reggae, e outras variadas fusões de estilos, para propagar a sua cultura tradicional.
Um fenômeno importante neste cenário é a utilização de novas tecnologias, subvertendo-as como instrumentos de descolonização. Uma das iniciativas mais bem sucedidas é a Rádio Yandê, uma emissora online fundada em 2013 que se define como “a primeira web rádio indígena brasileira”, com uma programação que transmite conteúdo que abrange mais de 190 línguas de povos tradicionais brasileiros. Ano passado, o projeto mostrou que amadureceu com a chegada do Yby Festival, de realização da Yandê com Nossa Terra Firme, com um lineup inteiro dedicado a essa nova produção indígena.
Gean Ramos (PE)
Natural de Jatobá (Pernambuco), Gean Ramos reside na aldeia Bem Querer de cima, território indígena Pankararu, e busca através de vivências como artista e produtor, em um processo permanente de interação com as suas ancestralidades, conservar e resgatar suas origens, que são também parte da identidade e do patrimônio cultural Pankararu. Iniciado na música aos oito anos de idade, sua trajetória artística e
criativa perpassa a ancestralidade indígena e afrodescendente. Além dessas, canta e conta a mesorregião do São Francisco, a região nordeste e o Brasil como um todo, configurando e afirmando-se como um músico indígena através de uma obra cosmopolita, viva e atemporal.
Nelson D (ITA / AM)
Em 1986, um bebê indígena foi encontrado em uma rua na cidade de Manaus no estado do Amazonas. Ele viveu em um orfanato por oito meses, até um casal de italianos levá-lo para um lar confortável e chamá-lo de filho. Batizado de Davide De Merra, o manauara tornou-se cidadão italiano, cresceu em Savona e cursou Artes Plásticas em Milão, mas escolheu São Paulo para difundir seu trabalho de músico e produtor musical. Chamado de Davide a vida toda, o italiano-brasileiro viu que o trabalho como músico merecia um nome artístico mais atrativo, voltando às origens como Nelson-D, uma referência ao seu nome na época do orfanato. Como um estrangeiro em sua própria terra, em uma veste psíquica alienígena indígena, sua música é uma invocação de retorno ao seu ‘corpo território ancestral’, um chamado para seu povo cujo o nome foi apagado. A pesquisa musical do Nelson D mergulha nas fontes da eletrônica e cultura indígena, misturando sonoridades orgânicas e tradicionais com processos tecnológicos, encaixando-se no conceito de Futurismo Indígena. Um caminho sonoro íntimo onde oficialmente o artista se confronta não apenas como produtor musical mas também em veste de Performer, num rito futurista por ecos ancestrais em busca de memórias originárias, um convite profanador que se torna ‘sagrado’ e um corpo que não se define, nem limita mas transborda rupturas na reexistência fora do tempo cronológico, abandona rótulos, etiquetas coloniais, revelando liquidez de identidades na pós modernidade, contrastes culturais e transgressões de toda ordem.
Como produtor desde 2010 se dedica à produção musical de novos e novas artistas na cena musical brasileira, entre as quais Danna Lisboa, Gloria Groove, Linn da Quebrada, Tássia Reis, Davi(ex Banda Uò) e Melvin Santana.
Márcia Kambeba (PA)
Márcia Kambeba é mestre em Geografia, compositora, escritora, poeta, ativista indígena e pertencente ao povo Omágua/Kambeba
Brisa Flow (CHI / MG)
Brisa de la Cordillera, artista ameríndia. Brisa Flow MC. Cantora, compositora, escritora e pesquisadora . Constrói arte a partir da vivência de seu corpo no mundo, criando caminhos que desprendem das amarras da colonialidade. Sua música é um um encontro com as energias da Terra, o fogo e água. Canta poesias que curam com sua voz dos ventos andinos.
Renata Tupinambá (Rádio Yandê)
Jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Trabalha e pesquisa a comunicação voltada para decolonização dos meios de comunicação, fortalecimento das narrativas indígenas no cinema, TV, Literatura, áudio e música. Membro do Útero Amotara Zabelê no Território Tupinambá de Olivença na Bahia. Atua desde 2006 com difusão das culturas indígenas e comunicação. É Co fundadora da Rádio Yandê, primeira web rádio indígena do Brasil. Co-roteirista da série Sou Moderno, Sou Índio do Cine Brasil TV. Foi assistente de produção e comunicação do músico Marcelo Yuka. Foi participante do grupo de narrativas do programa ASA - Arte Sônica Amplificada, destinado a mulheres, da Oi Futuro, em parceria com as instituições britânicas British Council, Lighthouse e Shesaid so. Criadora do podcast Originárias, primeiro no Brasil de entrevistas com artistas e músicos indígenas em plataformas como o Spotify, que integra a central de Podcasts femininos PodSim.
Atualmente trabalha também na produção de artistas e músicos indígenas.